Com objetivo de resgatar a história e enriquecer o presente, segue abaixo relato da minha mãe que descreve suas experiências em ilhéus do Prata. Ela formou-se em magistério estudando em regime de internato no Colégio Sagrado Coração de Jesus, em Belo Horizonte, e depois exerceu o cargo de professora e diretora da Escola Estadual Major Oliveira.
“Serginho meu filho!
Tentei resgatar um pouco de história como funcionária pública (professora). Com ela vivenciei o presente e tentei construir o futuro dos meus ex alunos ensinando-os a amar a Deus e ao próximo e torná-los pessoas úteis a sociedade e a Pátria. “Dos que me destes, nenhum se perdeu”
Tudo começou em 1960, época em que me formei e vim para Ilhéus do Prata, minha terra natal. Fiquei um ano sem trabalhar sempre na esperança de se formar uma classe que seria o 4º ano (como se dizia naqueles tempos), pois havia bastante alunos desejosos de completar o curso primário que era o ponto ápice da cultura daquela terra. Estudar fora era quase impossível.
Graças ao esforço da Inspetora Municipal Dª Maria do Carmo Rolla Perdigão (Dona Lilita Rolla – in memória), em 1962 foi então fundada a 4ª série com mais de 40 alunos, a maioria adolescentes. Eram interessados no aprendizado. Tinham um comportamento exemplar, respeitosos e obedientes. Lembro-me que havia verdadeiros artistas entres eles, embora a comunidade não oferecesse estudo e condições para tal. Havia desenhistas, violonistas, artesões e até poetas. Fazíamos teatro em festas escolares e notávamos a desenvoltura dos atores, artistas e cantores nas demonstrações das peças. Os Pais dos alunos e pessoas da comunidade vinham, algumas vezes de longe, para assistirem as festas e participar com aplausos.
Não posso deixar de destacar nesta página a figura inesquecível de minha Mãe, Dona Dalila Silva (falecida em out/94), que também trabalhava na Escola Estadual Major Oliveira de Ilhéus do Prata como coordenadora. Ela era uma pessoa vibrante, entusiasta e vocacionada ao trabalho com crianças na Escola. Sempre receptiva, alegre e atenciosa com todos, era também uma líder religiosa que atuava em prol do bem estar social naquele pequeno distrito desprovido de conforto. Destacou-se como autodidata e muito nos ensinou, contribuindo assim para o desenvolvimento educativo da Escola.
Tenho saudades das minhas colegas de trabalho, éramos uma equipe coesa. Uma das grandes companheiras naquela época foi Margarida Maria Domingues, minha prima e colega de trabalho. Ajudava-me na confecção de material escolar, pois possuía e possui grandes habilidades e dotes artísticos. Lembro neste momento, do seu Pai Marino Domingues, que era um grande músico e sempre nos ajudando em meio as nossas necessidades. Ele tirava do hinário (livro de canções escolares) e nos ensinávamos às músicas das datas festivas para cantarmos com os alunos.
O material didático daquela década era precário e restrito. Era necessário promover festas juninas e rifas para aquisição de livros, cadernos e lápis. Os mapas geográficos eram feitos a mão e passados nos cadernos dos alunos em folha de carbono. Com o passar dos anos, começamos a receber do Estado os livros para os alunos, mapas e material didático para as professoras. Era um avanço e uma ajuda valiosa para o desempenho do nosso trabalho. A freqüência dos alunos diminuía em período de plantio de milho e feijão, na capina e na colheita. Mas, com esforço e boa vontade conseguíamos recuperar as aulas perdidas. O resultado era o índice bom de aprovação.
Em 1973 mudei-me para a cidade de São domingos do Prata (cidade fácil de ser amada) ficando em meu lugar minha prima e colega Maria Efigênia Frade. Naquela ocasião eu coordenava a Escola em substituição a minha mãe que já havia aposentado. Em São Domingos do Prata, trabalhei por dois anos na Inspetoria Seccional, sobre a direção da Inspetora de Ensino Dona Maria Perpétua Socorro de Vasconcelos Horta. Depois, ingressei-me na Escola Estadual “Cônego João Pio” onde permaneci até a aposentadoria.
Deixei Ilhéus do Prata, minha terra natal, levando comigo muita saudade e grandes experiências adquiridas daquele povo simples, trabalhador e feliz. Maria Eugenia. “
As professoras usavam na época, cavalos para se locomoverem até a Escola
Sou RAFAEL ARCANJO LEAL, filho de JOVE BATISTA ex: moradores de Ilhéus do Prata ,muito conhecido de Serginho Rocha, jogávamos sempre futebol.
ResponderExcluirSempre estou acompanhando a cidade da maneira possível. abraço para todos.
Olá Rafael, grande amigo e bola cheia!
ExcluirSua mensagem me fez lembrar das tardes de bate bola, naquele campinho na beira ribeirão.
Espero que esteja tudo bem com você!
Um abraço!
Serginho Rocha
Fica o registro do falecimento da ex professora do Grupo Escolar Major Oliveira, Maria Eugenia Cota Rocha, ocorrido em 06 de maio de 2022.
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