por Jayme Silva

Grupo Escolar Cônego João Pio

Com quase um século, o Grupo Escolar Cônego João Pio é parte integrante do patrimônio histórico e cultural de São Domingos do Prata. Além d...

domingo, 6 de janeiro de 2013

Desejo de consumo

De vez em quando precisamos voltar às nossas origens e avaliar o quanto distanciamos do ponto de partida, se este distanciamento foi positivo e qual a nossa posição perante os valores que cultivamos.

Assim como eu, muitas pessoas deixaram o interior e foram buscar oportunidades nas grandes cidades, no intuito de crescer como profissional e constituir famílias em condições mais favoráveis. No entanto o dia a dia na cidade pode nos deixar mais consumistas, mais compulsivos em sempre querer mais e mais.

O texto abaixo nos faz refletir dos nossos desejos de consumo. Vale a pena ler!

ILHÉUS DO PRATA - "AQUI VIVI-SE ASSIM!"
“Não tenho nada, mas nada me falta” - Cora Coralina

Saudações,
Serginho Rocha
  
A OBSESSÃO PELO MELHOR

Leila Ferreira

Estamos obcecados com "o melhor". Não sei quando foi que começou essa mania, mas hoje só queremos saber do "melhor". Tem que ser o melhor computador, o melhor carro, o melhor emprego, a melhor dieta, a melhor operadora de celular, o melhor tênis, o melhor vinho. Bom não basta. O ideal é ter o top de linha, aquele que deixa os outros pra trás e que nos distingue, nos faz sentir importantes, porque, afinal, estamos com "o melhor". Isso até que outro "melhor" apareça e é uma questão de dias ou de horas até isso acontecer. Novas marcas surgem a todo instante. Novas possibilidades também. E o que era melhor, de repente, nos parece superado, modesto, aquém do que podemos ter. O que acontece, quando só queremos o melhor, é que passamos a viver inquietos, numa espécie de insatisfação permanente, num eterno desassossego. Não desfrutamos do que temos ou conquistamos, porque estamos de olho no que falta conquistar ou ter. Cada comercial na TV nos convence de que merecemos ter mais do que temos. Cada artigo que lemos nos faz imaginar que os outros (ah, os outros...) estão vivendo melhor, comprando melhor, amando melhor, ganhando melhores salários. Aí a gente não relaxa, porque tem que correr atrás, de preferência com o melhor tênis. Não que a gente deva se acomodar ou se contentar sempre com menos. Mas o menos, às vezes, é mais do que suficiente. Se não dirijo a 140, preciso realmente de um carro com tanta potência? Se gosto do que faço no meu trabalho, tenho que subir na empresa e assumir o cargo de chefia que vai me matar de estresse porque é o melhor cargo da empresa? E aquela TV de não sei quantas polegadas que acabou com o espaço do meu quarto? O restaurante onde sinto saudades da comida de casa e vou porque tem o "melhor chef"? Aquele xampu que usei durante anos tem que ser aposentado porque agora existe um melhor e dez vezes mais caro? O cabeleireiro do meu bairro tem mesmo que ser trocado pelo "melhor cabeleireiro"? Tenho pensado no quanto essa busca permanente do melhor tem nos deixados ansiosos e nos impedido de desfrutar o "bom" que já temos. A casa que é pequena, mas nos acolhe. O emprego que não paga tão bem, mas nos enche de alegria. A TV que está velha, mas nunca deu defeito. O homem que tem defeitos (como nós), mas nos faz mais felizes do que os homens "perfeitos". As férias que não vão ser na Europa, porque o dinheiro não deu, mas vai me dar à chance de estar perto de quem amo...O rosto que já não é jovem, mas carrega as marcas das histórias que me constituem. O corpo que já não é mais jovem, mas está vivo e sente prazer. Será que a gente precisa mesmo de mais do que isso? Ou será que isso já é o melhor e na busca do "melhor" a gente nem percebeu?

Sofremos demais pelo pouco que nos falta e alegramo-nos pouco pelo muito que temos. Shakespeare

Leila Ferreira é uma jornalista mineira com mestrado em Letras e doutora em comunicação em Londres, que optou por viver uma vida mais simples, em Belo Horizonte

2 comentários:

  1. Na minha opinião, a busca por melhores condições de vida material é saudável, desde que não deixemos de lado valores morais e éticos que nos foram ensinados pelas nossas famílias.
    Este distanciamento do ponto de partida que você menciona, é muito válido se for visto desta maneira- como é hoje o Serginho que deixou suas origens e, foi em busca de um lugar ao sol conquistado por seus próprios méritos? Com certeza não é o mesmo, nem poderia e nem deveria ser, mas aposto que não se esqueceu de suas raízes, sua origem e sua gente.
    Assimo como você temos muitos exemplos semelhantes.
    O texto da Leila é muito bacana e nos faz refletir na sociedade consumista em que vivemos e estamos sujeitos cada dia mais.
    Bela imagem acima.
    Grande abraço.

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  2. Mosquitos como esses borrachudos são inconvenientes alguns sendo portadores de doenças que podem causar perigo todos que são picados por eles. E os moradores deste distrito parecem não se preocupar ou talvez nem tenha ideia os males que esses insetos podem causar, vários lugares onde são encontrados esses mosquitos as pessoas vão à prefeitura fazem protestos e recorem ate o ministério da saúde para acabar com essas “pestes”. e vocês vão fazer o que ?

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