por Jayme Silva

Grupo Escolar Cônego João Pio

Com quase um século, o Grupo Escolar Cônego João Pio é parte integrante do patrimônio histórico e cultural de São Domingos do Prata. Além d...

domingo, 27 de setembro de 2009

"Uma Comunidade Inigualável"

Recentemente, recebi uma mensagem do nosso conterrâneo e amigo, Aurélio Vieira , onde dizia:

" Serginho..., o texto em anexo, eu guardo desde a publicação, por acreditar que poderia muito bem ter sido escrito por um ilheusense; a semelhança entre as comunidades é muito grande. Achei que ficaria bem no Blog."

Muito legal o texto e tem sim, similaridade, que nos faz recordar nossa terra. Aliás, o distrito de Teixeiras é próximo ao distrito de Ilhéus do Prata. A foto em anexo é a Igreja de Teixeiras.

Uma Comunidade Inigualável

Alguns quilômetros de estrada de terra, muita poeira e uma vasta paisagem verde carregada de bucolismo. Muitas paradas para descer ou subirem viajantes com suas compras feitas ou visitas realizadas. Bambuais contornam as curvas, pontes sobre os córregos que correm em direção ao ribeirão e o ônibus passa uma, passa outra, dobra uma curva, dobra outra e vai deixando seu rastro empoeirado para trás. Pouco a pouco um cheiro de hospitalidade vai sendo trazido pelo vento da tarde. O coração cresce de certeza e o corpo todo é tomado por um grande prazer face ao retorno.

A torre da igreja a apontar por detrás de um morro é o primeiro indício de que a chegada se aproxima. Todos os passageiros começam a retirar suas bagagens e a campainha do ônibus toca de ponto em ponto. Finalmente eu desço naquela terra. Uma alegria incontida se apossa de mim. Na porta da casa alguém me espera e é com prazer incomensurável que eu adentro. Sinto-me da família, á vontade. Procuro me acomodar perto do fogão de lenha para espantar o frio e a cozinha é toda invadida por falas, momento para se colocar a conversa em dia. Uma travessa com biscoitos caseiros é colocada sobre a mesa, café feito na hora. De repente já não somos mais só nós, a minha chegada fora anunciada e muitos vão até lá desejarem-me boas –vindas. São amigos, conhecidos, ex-alunos, todos para levarem a cordialidade e a demonstração de prazer com a minha presença.

Saio pelas ruas da comunidade. Cumprimento um, outro e mais outro. Sou conhecida, como se ali tivesse morado uma vida inteira e agora retornasse. Um convite para a cervejinha numa das barracas, outros convites para almoço no dia seguinte, proposta para pernoite em várias residências e a impossibilidade de retribuir a tanto acolhimento afetuoso!

A noite chega trazendo com ela o clima de festa. É cavalgada! O som do ambiente repercute até o centro. Alojamo-nos numa mesa que repentinamente se transforma em duas ficando repleta de pessoas. Enquanto a poeira subia, era impossível se aquietar no assento. Sempre um convite para a próxima dança. O clima festivo se misturava com o da amizade consistente.

Esta comunidade é Teixeiras, oficialmente registrada no mapa como distrito de Cônego João Pio pertencente ao município de São Domingos do Prata. Há várias cavalgadas me faço presente, não pela festa em si, mas pela oportunidade de reencontrar as pessoas queridas que são todas, sem distinção. Teixeiras não constitui apenas um espaço geográfico no mapa, mas também um espaço conquistado no meu coração. Quando lá estou, sinto-me em casa e quando parto, deixo lá um pedaço de mim. Este pedaço deixado faz-me retornar sempre que possível, sem precisar de subterfúgios para justificar minha presença. Ali me sinto gente, a usufruir de uma qualidade de vida indescritível!

Penalizada fico com o anuncio da minha partida. Volto para casa, mas trago Teixeiras comigo nas lembranças agradáveis quando da minha estadia, no sono atrasado pela preponderância da vigília justificada pelo bem estar em dividir aquele espaço genuíno com seus habitantes. Evito citar nomes porque todos merecem destaque por serem pessoas lindas, acolhedoras, amáveis, independendo das condições materiais de existência de cada uma.

O tempo passa, mas Teixeiras jamais passará. Será sempre presença vívida em mim que ora se estende na pessoa do meu filho que a considera com a mesma profundidade de sua mãe.

Texto escrito por Lucia Helena de Carvalho
Publicado no Jornal Bom Dia, em 28 de junho de 2000, nº 501. João Monlevade - MG.

Foto: arquivo pessoal. Não acompanha o texto publicado na matéria.

Um comentário:

  1. O primo Aurélio tem razão ao afirmar a semelhança entre ilhéus e e Teixeiras,tanto na receptividade ao visitante, como na descriçaõ geografica!
    parabéns à professora Helena pelo belo texto!
    E parabéns também ao Aurélio por garimpar e ao serginho por divulgar o texto.

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